29 maio 2010

Massacre na Nigéria: mais de 500 cristãos assassinados a golpes de facão


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A violência religiosa na cidade de Jos, no norte da Nigéria, deixou mais de 500 mortos nos últimos dias. Durante todo o final de semana, os ataques de muçulmanos da etnia fulani contra pastores e fiéis cristãos da região despertaram os piores fantasmas do país. O número exato de vítimas é difícil de precisar.

O massacre aconteceu a menos de dois quilômetros da casa do governador do Estado de Plateau, Jonah Jang. Os jornalistas que visitam a área afirmam ter visto centenas de cadáveres nas ruas onde ocorreram os ataques fulanis.
Religiosos muçulmanos da etnia fulani, armados com revólveres, fuzis, metralhadoras e facões, invadiram as casas nas localidades de Dogo Hauwa, Ratsat e Jeji, durante o final de semana passado, matando todos que encontravam pela frente, principalmente mulheres e crianças.
Um morador disse que os agressores entraram em Dogo Nahawa com armas de fogo. “Eles começaram a disparar para o alto querendo expulsar as pessoas de suas casas. À medida que elas saíam, eram atacadas com facões”, relatou.
Jos fica entre o norte do país, majoritariamente muçulmano, e as regiões cristãs do sul. O governo de Plateau anunciou que realizará um funeral coletivo das vítimas, enquanto o presidente interino da Nigéria, Goodluck Jonathan, está reunido com as agências de segurança do estado. Ele afirmou que os militares encontram-se em alerta vermelho.
O exército
“Embora seja demasiadamente cedo para explicar por que a violência na região aumentou, queremos informar aos nigerianos que as forças de segurança estão empenhadas em controlar a situação”, declarou, através de um comunicado, o porta-voz de Jonathan, Ima Niboro.
A matança ocorreu apesar de ter sido imposto um toque de recolher na região das 18h às 6h da manhã depois da violência de janeiro passado em Jos.
O Fórum Cristão de Consulta de Anciãos do Estado de Plateau acusou os militares de serem cúmplices dos recentes assassinatos: “Avisamos aos militares o que estava acontecendo, mas levaram duas horas para agir, quando os muçulmanos já haviam ido embora. Queremos que os soldados expliquem os motivos desta demora intencional, que consideramos parte de um plano, e queremos que o Estado de Plateau saiba que já não confiamos no exército da Nigéria nem nas agências de segurança, porque estão contra os cristãos”, afirmou a organização em um comunicado.
As causas
Muitos acreditam que o motivo dos confrontos seja a luta pela exploração de áreas de cultivo entre cristãos e animistas de um lado, e religiosos muçulmanos fulani por outro. Especula-se também que foi a resposta dos líderes muçulmanos aos confrontos religiosos ocorridos na região em janeiro, que deixaram 326 mortos. Eles considerariam os embates uma ação organizada para assassinar muçulmanos.
A polícia prendeu 22 suspeitos, e o líder espiritual de Jos, Gbong Gwom, que visitou as áreas das ações, declarou que “a situação é triste, inaceitável e desumana”.
Os conflitos que têm como protagonistas cristãos e muçulmanos na Nigéria já custaram a vida de mais de 12 mil pessoas desde 1999, quando implantou-se a “Sharia”, a lei islâmica, em 12 estados ao norte do país. (NM)

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