31 maio 2014

Economia cresce 0,2% no primeiro trimestre

Rio e Ribeirão Preto (AE) - A economia brasileira começou 2014 com o freio de mão puxado. O consumo das famílias perdeu fôlego e os investimentos caíram. Com isso, o Produto Interno Bruto (PIB, soma de toda a renda gerada no País em determinado período) cresceu apenas 0,2% no primeiro trimestre sobre o quarto trimestre de 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em relação ao primeiro trimestre de 2013, a alta foi de 1,9%.

Pessimismo e falta de confiança são palavras recorrentes nas análises de economistas. Após conhecer os dados, revelados ontem, muitos revisaram para baixo suas projeções para o crescimento da economia este ano. Agora, a previsão mais otimista é de avanço de 1,9%, segundo pesquisa do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. 

Os investimentos caíram 2,1% no primeiro trimestre, derrubando a taxa como proporção do PIB para 17,7%, nível mais baixo em primeiros trimestres desde 2009, auge da crise econômica. “Nunca tinha visto a classe empresarial tão desanimada”, disse o economista Luis Paulo Rosenberg, sócio da consultoria Rosenberg Associados. Para ele, há exagero no pessimismo.

O consumo das famílias cresceu 2,2% em relação ao primeiro trimestre de 2013, a 42ª alta consecutiva nessa base de comparação, mas, sobre o quarto trimestre do ano passado, houve queda de 0,1%. O IBGE apontou como motivo para a fraqueza no consumo o encarecimento do crédito, após os juros subirem, na esteira da alta na taxa básica (a Selic, que subiu de 7,25% a 11,0%, entre abril de 2013 e a última quarta-feira).

A economista Monica Baumgarten de Bolle, professora da PUC-Rio e sócia da Galanto Consultoria, discorda. “O aperto de juros foi inócuo para a atividade e para a inflação. A inflação está alta, apesar da Selic de 11% ao ano”, disse Monica.

Já o setor externo contribuiu positivamente para o PIB, na comparação do primeiro trimestre com os três primeiros meses de 2013. As exportações cresceram 2,8%, acima das importações, que tiveram alta de 1,4% no período. O consumo do governo cresceu 0,7% no primeiro trimestre, em relação aos três meses anteriores, e 3,4% sobre o primeiro trimestre de 2013. O movimento é típico de ano eleitoral, segundo o IBGE.

Produção
Na ótica da produção, o recuo nos investimentos andou de mãos dadas com o desempenho ruim da indústria, com retração de 0,8% no primeiro trimestre. É a terceira taxa negativa consecutiva. Para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), há recessão na indústria brasileira.

Os serviços são diretamente influenciados pelo consumo das famílias e tampouco tiveram fôlego para puxar a atividade econômica, com avanço de apenas 0,4% sobre o quarto trimestre de 2013. Transporte aéreo e tecnologia da informação impulsionaram a alta.

Apenas a agropecuária teve crescimento mais robusto. O PIB do campo avançou 3,6% sobre os três últimos meses do ano passado, graças à safra de soja, arroz e algodão. Como seu peso na economia é pequeno, porém, o setor não consegue impulsionar sozinho a atividade.

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