14 outubro 2010

O Templo de Salomão


O primeiro templo, idealizado por Davi, foi erguido por seu sucessor e chamou a atenção de todo o mundo conhecido na época pelo apuro de sua construção, além de sua grandiosidade. Mas Deus mostrou a Israel que de nada adiantava o povo ter do bom e do melhor se estivesse longe dEle.
Quando o povo de Israel conquistou Jerusalém, fez dali o centro nervoso de seu reinado. Davi, então rei, já morava em um suntuoso palácio.  Um 
dia achou que não era certo ele morar em uma grande e complexa edificação de pedras e madeira e a Arca da Aliança habitar em uma tenda de tecido, o Tabernáculo. Cultivou em seu coração a ideia de construir um grande templo para Deus, um prédio fixo em que tudo seria feito como no Tabernáculo, mas com um caráter permanente.

O segundo livro de Samuel, em seu sétimo capítulo, mostra claramente Davi contando a Natã, profeta e braço direito do rei, seu intento. Todavia, Deus deixou bem claro que Davi não construiria o templo, mas seu filho e sucessor. Contudo, Davi poderia começar a estocar o material para a grande empreitada (leia 1 Crônicas 28. 2 – 6).
Quando Davi sentia que seus dias na Terra acabariam, chamou seu filho Salomão e determinou que ele subisse ao trono após a morte do pai, como foi feito.
O reinado de Salomão foi marcado pela paz de Israel com os povos do mundo conhecido na época, pela sabedoria do monarca (concedida a ele por Deus conforme seu pedido) e por muito luxo e ostentação.
Mas não só o luxo chamou a atenção na construção do grande templo. A organização da grande obra foi algo sem igual em se falando de construções da época, com os melhores profissionais dos mais diferentes lugares. Milhares de homens participaram da obra. Para cortar a madeira – cedro do Líbano e ciprestes – foram designados 30 mil homens. Só para o corte de pedras em Jerusalém foram 80 mil profissionais. Os demais foram cerca de 70 mil operários de serviços gerais e seus superintendentes. Enquanto as madeiras e rochas eram matérias-primas locais, foram importados o ouro, a prata e outros metais das melhores procedências da época. Reis aliados de Israel também contribuíram na obra. Hirão, rei de Tiro, por exemplo, enviou a Salomão seus melhores arquitetos e artesãos.
O local da obra seria o Monte Moriá, onde Deus teria aparecido a Davi e onde Abraão teria levado seu filho Isaque para sacrificá-lo, sendo salvo disso por um anjo que segurou sua mão (leia II Crônicas 3. 1).
Ao todo, o templo foi construído em sete anos. Era famoso não somente por seu tamanho colossal, mas sobretudo pelo esmero da obra, que utilizou do melhor então disponível em se falando de tecnologia e arte. No livro de I Reis, detalhes mostram o estilo da construção, bem como sua realização: as pedras e diversos materiais eram levados prontos para seu uso, sem que fossem quebrados ou serrados no local.
Era o prédio mais suntuoso de que se tinha notícia, com diversas câmaras e antecâmaras, reproduzindo no centro de tudo a mesma conformação do antigo Tabernáculo – que, desmontado, teria sido levado e guardado no templo. Era um grande complexo com objetos de arte e utensílios luxuosos em cada centímetro de sua extensão.
Para a festa de inauguração, Salomão realizou uma grande cerimônia que durou sete dias, com a presença do povo israelita e de representantes dos povos aliados. A Arca da Aliança foi levada para o Santo dos Santos, e uma nuvem encheu a sala para velar a presença de Deus (leia I Reis 8. 1 – 11).

Deus abençoou o templo e prometeu sua proteção a Israel, mas somente enquanto o povo mantivesse sua fé incorruptível. Se a idolatria fosse introduzida, não somente Israel seria punido, como o templo seria destruído.
Rodrigo Silva, arqueólogo encarregado do Museu de Arqueologia Bíblica Paulo Bork, em Engenheiro Coelho (SP), conta: “O templo, infelizmente, trouxe a ‘burocracia religiosa’, pois enquanto no Tabernáculo os fiéis conversavam com os sacerdotes, no grande templo se Salomão as ofertas e sacrifícios passavam por várias pessoas até chegarem aos sacerdotes”. Além disso, segundo o professor Rodrigo, o povo de Israel não tardou a idolatrar, de certa forma, o próprio templo, que passou a ser o orgulho de Israel.
Anos mais tarde, a corrupção e a idolatria dos israelitas fez com que a Palavra de Deus não voltasse atrás e Israel fosse derrotada pelos babilônios, reinados por Nabucodonosor. O templo, orgulho do povo judeu até hoje, foi dilapidado, saqueado, destruído até em seus alicerces. De nada adiantou tanto apuro na construção, tanta tecnologia de ponta, tanto luxo, se o povo se aproximou da obra de suas próprias mãos, mas se afastou de Deus. Enquanto o templo tinha em Deus sua razão de existir (aplicando-se uma analogia entre o prédio e o povo de Israel), manteve-se de pé, incólume. Quando o próprio templo passou a ser o centro das atenções, e não o Deus Todo Poderoso para quem ele havia sido erguido, não ficou pedra sobre pedra nem dele e nem de Jerusalém. Novamente o povo israelita era subjugado por outra raça, como no passado.

Nenhum comentário: