20 março 2011

Como surgiu a expressão "santo do pau oco"?

A cobrança de altos impostos Brasil e a sonegação são bem mais antigas do que imaginamos. A expressão "santo do pau oco", usada para designar pessoas falsas, surgiu provavelmente em Minas Gerais, entre o final do século XVII e o início do século XVIII. Era o Período Colonial, o auge da mineração no País. Para driblar a cobrança do "quinto", o imposto de 20% que a Coroa Portuguesa cobrava de todos os metais preciosos garimpados no Brasil, santos em madeira oca eram esculpidos e, posteriormente, recheados de ouro em pó.

De acordo com o historiador Fábio Kuhn, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), assim era possível passar despercebido pelos postos de fiscalização e não prestar contas às casas de fundição, já que era proibida a circulação de metais preciosos sem o devido registro junto ao governo. As Casas de Fundição eram encarregadas de arrecadar os tributos sobre a mineração. Hoje, a cobrança fica a cargo do Departamento Nacional de Produção Mineral, do Ministério de Minas e Energia, que instituiu a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM). A CFEM é de 1% sobre o ouro e é paga a órgãos federais (12% do total), Estado onde for extraído o mineral (23%) e o município produtor (65%).
A criação das casas de fundição gerou protestos em Minas Gerais e custou a vida do tropeiro Felipe dos Santos, que liderou um motim com a participação de cerca de dois mil mineradores. Enquanto alguns líderes foram presos e enviados às masmorras em Lisboa, Felipe foi cruelmente castigado. Arrastado por quatro cavalos, o tropeiro foi depois executado pelo garrote vil, instrumento criado na Espanha e que mantinha o condenado imóvel amarrado a uma cadeira, enquanto era colocada uma argola de ferro em seu pescoço, apertada até o último suspiro.
Outra possibilidade de origem da expressão santo do pau oco é do folclorista Luiz Câmara Cascudo em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, que diz que as imagens de santos vinham de Portugal recheadas de dinheiro falso. Controvérsias à parte, a expressão ultrapassou séculos e continua a ser usada para quando um hipócrita 

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